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Relogio de mesa 1 Relogio de mesa 2 Relogio de mesa 3Na publicação anterior tratou-se dos relógios ingleses de mesa ou peanha, e agora serão abordados os relógios franceses de mesa. Em termos de quantidade e variedade, associado à beleza e ao luxo, nenhum país superou a França nesse tipo de relógio. Existem livros que chegam a separar os relógios franceses de mesa em 14 ou 15 tipos diferentes, embora isso talvez seja um preciosismo, mas ninguém os superou em arte na criação dessas máquinas de medir o tempo. O período mais produtivo da relojoaria francesa vai da metade do Século XVII até o final do Século XIX.
A relojoaria inglesa, sempre sóbria e obcecada pela precisão, teve do outro lado do Canal da Mancha uma rival que, embora tenha produzido mecanismos de alta qualidade, deram ênfase no design. No Brasil, mas não somente aqui, os relógios franceses de mesa foram genericamente tratados e conhecidos como pêndula Paris, mesmo que sua produção não tivesse ocorrido na Cidade Luz (A Collectors Guide to Clocks - Derek Roberts, The Country Life International Dictionary of Clocks - Editor Alan Smith).
Enquanto na relojoaria inglesa estavam envolvidos, normalmente, duas pessoas na produção de um relógio, o fabricante do mecanismo e o fabricante da caixa, na relojoaria francesa havia, habitualmente, o envolvimento de uma dezena de pessoas na produção de uma única peça, tais como o escultor, o fundidor, o gravador, o dourador, etc, etc, etc. Isso não era uma surpresa para um país onde se encontrava os grandes artistas e onde fantásticas peças de bronze foram produzidas. Os relógios franceses usaram e abusaram do mármore, do bronze (principalmente dourado - bronze ormolu), da casco da tartaruga, inclusive com incrustação em bronze (técnica que ficou conhecida mundialmente pelo trabalho de André Charles Boule - seu inventor), prata e porcelana. Muitos relógios franceses foram produzidos com porcelana importada de Meissen e Dresden e mesmo quando a madeira era utilizada o era sob a forma de marqueteria e parqueteria (A Collectors Guide to Clocks - Derek Roberts, The Country Life International Dictionary of Clocks - Editor Alan Smith).
A origem da relojoaria francesa não é muito bem conhecida, mas consta que em 1292 existia um "Jehan l'Aulogier" em Paris. As principais cidades francesas que na arte da relojoaria, por volta do Século XVI, além de Paris, foram Blis, Rouen, Besançon e Strasburgo. Desde o Século XVI, os relojoeiros franceses trabalharam em um sistema bastante similar aos sindicatos e dele se utilizavam para obter as vantagens que necessitavam para melhor exercer a profissão. Foi assim, por exemplo, quando eles conseguiram permissão para trabalhar com ouro e prata sem necessitarem de recorrer aos joalheiros. Como já comentado anteriormente, a produção dos relógios franceses empregava diversos profissionais de diferentes áreas, mas como eles eram, normalmente, os mais cultos entre os artesãos envolvidos, não lhes era difícil manter o controle na produção dos relógios e fazer a distribuição do serviço pelos outros profissionais. Foi por volta do Século XVII que a produção de relógios se transformou de um simples negócio para uma moda, na França, mas foi com a introdução do pêndulo que a relojaria explodiu no país. Louis XIV foi o grande estimulador da arte da relojoaria na França e enquanto alguns relojoeiros trabalhavam para o Louvre, outros trabalhavam para as lojas em Paris. Os primeiros relógios do período de Louis XIV tiveram grande influência religiosa, mas logo após sua produção artística explodiu e os relógios se tornaram cada vez mais esplêndidos e coloridos. Os relógios começaram a perder o status de curiosidade para se tornarem uma peça da mobília das residências durante o período da Regência (1715-1723) e se consolidaram durante o período de Louis XV. A revolução francesa não prejudicou seriamente a indústria relojoeira francesa, e após os anos de terror (1792-1795) quando houve uma redução de negócios, os governos revolucionários a reativaram e encorajaram. Foi quando Abraham-Louis Breguet, talvez o mais famoso relojoeiro francês, decidiu transferir-se de Besançon para Paris e enquanto alguns relojoeiros marchavam para uma industrialização na relojoaria, ele, junto com Antide Janvier e outros, construíam sua reputação em relógios de extrema complexidade e sofisticação (A Collectors Guide to Clocks - Derek Roberts, The Country Life International Dictionary of Clocks - Editor Alan Smith).
Durante o Século XIX, a relojoria francesa marchou na direção da industrialização, e foi nessa época que Frédéric Japy, na região de Comté, montou sua fábrica que chegou a produzir 100.000 movimentos de relógio no ano de 1801 e, próximo a Dieppe, um movimento similar ocorrreu na produção de relógios de carruagem (carriage clocks). Essa industrialização, entretanto, esteve longe de produzir uma estandardização dos relógios, principalmente das suas caixas. No Século XIX, os franceses estavam interessados, naqueles anos românticos, em estilos históricos e uma certa ostentação. As caixas elaborados dos relógios foi estimulada pelo crescimento do mercado da classe média e pelas exibições internacionais. Durante esse século a exportação cresceu com constância e relógios de várias níveis de qualidade, especialmente os relógios de carruagem (carriage clocks), foram vendidos no mundo todo, particularmente na Inglaterra (A Collectors Guide to Clocks - Derek Roberts, The Country Life International Dictionary of Clocks - Editor Alan Smith).
O gosto francês por relógios ricamente ornamentados continuou no Século XX, lado a lado com a art nouveau e a art déco. Após a guerra Franco-Prussiana (1870-1871), o Tratado de Frankfurt quase destruiu a indústria Francesa permitindo a importação de relógios alemães sem imposto e no início do Século XX essa indústria tradicional se reorganizou na produção de relógios modernos (A Collectors Guide to Clocks - Derek Roberts, The Country Life International Dictionary of Clocks - Editor Alan Smith).
Considerando-se apenas os relógios de mesa franceses mais comercializados no Brasil, seria possível reduzir os 14 ou 15 diferentes tipos de relógio a algo ao redor de 10, destacando-se, os relógios em mármore, os em bronze dourado (ormolu), os que utilizam metal incrustado em casco de tartaruga (estilo Boule), seja ele natural ou falso, os em metal com tema religioso, os conhecidos como 4 vidros, os de carruagem (carriage), os misteriosos, os conhecidos como pórtico, os de porcelana e os com mostrador rotativo (revolving-band clocks).
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Abaixo o vídeo de um exemplo típico de relógio francês com influência religiosa. Tem o formato de um sino suportado por lanças entrecruzadas com a inscrição Dominus vobiscum spiritu tuo ao redor da base. Até o som do relógio na batida das horas e meias horas foi uma tentativa de reprodução do som dos sinos das catedrais.
Na próxima atualização do site será continuada a apresentação dos relógios franceses de mesa, seus principais relojoeiros e identificação.