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Relogio de mesa 1(Obtenha mais detalhes das figuras passando o cursor sobre as mesmas.)
A história dos cronômetros navais começa em 1707 com um grande desastre envolvendo a marinha britânica nas Sicílias. Existem centenas de websites dedicados aos diversos aspectos da concepção e evolução desses relógios onde os mais interessados podem se aprofundar no assunto. Aqui se fará apenas um breve resumo para destacar os aspectos mais importantes desse brilhante momento da relojoaria e da tecnologia inglesa e que no Brasil poucos conhecem, mas que mudou a história da navegação mundial.
Determinar com exatidão a posição do navio no oceano sempre foi a principal preocupação dos navegadores. Atualmente, com o advento do GPS, as pessoas não imaginam como isso era difícil no século XVI. A determinação da posição do navio era feita pela sua latidude e longitude(http://www.dictionary.com/browse/longitude).
A latitude era de determinação relativamente fácil através do quadrante e do astrolábio, mas a determinação da longitude demandava uma série de cálculos complexos e era altamente imprecisa. Em 1707, nas proximidades da Sícila, quase toda a esquadra inglesa foi destruída ao se chocar com recifes submarinos. Embora os recifes estivessem previstos nas cartas de navegação existentes, a esquadra inglesa errou no cálculo de sua posição, mais particularmente no cálculo da longitude, provocando o acidente. Foi quando o parlamento inglês criou o Conselho da Longitude (The Board of Longitude) em 1714 e estabeleceu um prêmio de vinte mil libras (hoje aproximadamente 15 milhões de reais) para quem conseguisse descobrir um método de determinar a longitude com um erro menor do que 30 minutos (30 milhas náuticas).O prêmio provocou uma revolução no mundo científico da época e todos os famosos e reconhecidos astrônomos ingleses se colocaram em marcha para resolver o problema, uma vez que todos tinham certeza de que um deles ganharia o prêmio, afinal faziam parte da mais alta elite intelectual mundial, na época. Soluções totalmente não convencionais começaram a ser propostas, como por exemplo, a colocação de um navio sobre cada meridiano para disparar um tiro de canhão quando o sol passasse sobre ele, com isso os navios da redondeza poderiam se localizar no oceano. John Harrison, um marceneiro inglês nascido em Foulby (Yorkshire), e que se dedicava à arte da relojoaria por prazer, propôs que a determinação da longitude fosse feita a partir do conhecimento da hora correta em um determinado ponto do planeta e de sua comparação com a hora de Londres (meridiano zero - Greenwich). Em outras palavras, sabendo-se a hora de Londres (meridiano zero de Greenwich), através de um relógio de extrema precisão mantido no navio, e a hora no local o navio se encontrava (utilizando-se os instrumentos náuticos da época) seria possível determinar com exatidão sobre que meridiano ele estava posicionado, uma vez que os meridianos estão espaçados de hora em hora. Pela proposição de Harrison, portanto, bastaria desenvolver um relógio de extrema precisão para resolver o problema. Obviamente, poucos acreditaram no marceneiro, entretanto ele sempre foi obcecado pela precisão dos relógios e o relógio de coluna que ele construiu (todo em madeira), em sua casa para uso pessoal, tinha a sua hora corrigida diariamente pela passagem de uma determinada estrela na torre da catedral da cidade. Resumindo, após passar toda a sua vida buscando esse relógio de altíssima precisão e desenvolver quatro relógios diferentes, sendo que o primeiro ocupava uma área de um metro cúbico na cabine do comandante (foto:Clocks and Watches - Eric Bruton) e o último foi um relógio de bolso, ele conseguiu! Com esse último ele conseguiu a precisão exigida pelo Conselho da Longitude e, dessa forma, todo comandante poderia saber a hora exata em Londres (meridiano zero) a qualquer momento e, portanto, identificar com precisão a posição do navio (foto:https://en.wikipedia.org/wiki/John_Harrison). Receber o prêmio prometido gerou uma longa disputa com os astrônomos reais, mas ele recebeu uma grande soma em dinheiro por seu feito. O resultado foi o surgimento do cronômetro naval que até o início do século XX foi peça obrigatória na cabine dos comandantes.
Aos amantes de história e particularmente aos interessados em marinharia recomenda-se o filme LONGITUDE que está integralmente no YouTube. Os relógios desenvolvidos por Harrison foram encontrados e recuperados graças à dedicação de um oficial da Marinha Britânica (Rupert T. Gold)e consta que seu casamento foi destruído por essa obsessão, mas é graças a ele que esses relógios podem ser, hoje, admirados no Royal Museums Greenwich.
Após a invenção de John Harrison, além da Inglaterra, também os Estados Unidos, a Alemanha e a Rússia produziram cronômetros navais.
Para manter tamanha precisão na marcação do tempo, os cronômetros navais usaram um sistema de escapamento único para a época chamado détente. Posteriormente,
esse tipo de escapamento foi utilizado, também, por relógios de bolso de alta precisão, embora seu uso não seja mais comum atualmente. Esse tipo de escapamento será abordado nas próximas atualizações do
site na parte de "Curiosidades".
Na próxima atualização do site será terminada a abordagem dos relógios ingleses de mesa/peanha (bracket clocks) e, possivelmente, iniciada a dos relógios franceses de mesa.