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Relógio de parede 1Na publicação anterior, tratou-se da distinção entre relógios de parede americanos e alemães uma vez que é muito frequente essa confusão até mesmo entre profissionais da área de antiguidades. Não é raro encontrar, em catálogos de leilões, relógios alemães identificados como sendo americanos e vice-versa. O formato e a decoração das caixas é sem dúvida a primeira e mais fácil forma de identificar, entretanto existem outras peculiaridades que podem ser utilizadas como forma de confirmação.
Depois da caixa, deve-se prestar atenção ao mostrador, não só porque podem ter a marca do fabricante, mas porque os relógios americanos de parede têm mostradores de papel colados sobre uma placa metálica ou mostradores de metal pintados de branco. Os mostradores dos relógios alemães de parede são metálicos, esmaltados ou em celulóide, embora esses últimos sejam mais raros de serem encontrados.
Abaixo estão alguns exemplos de mostradores de relógios americanos e alemães, para comparação.
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Se, ainda assim, a dúvida persistir existe uma alternativa definitiva que é retirar o mostrador e examinar a máquina do relógio. Dificilmente isso será necessário, mas é uma comprovação que não deixa margem a dúvidas, mesmo que nenhuma marca do fabricante esteja impressa na mesma. Relógios alemães de parede tem a corda dentro de caixas (cilindros) metálicos, enquanto nos relógios americanos as cordas ficam expostas. Se, por um lado, as cordas expostas dos relógios americanos facilitam a sua substituição, as cordas contidas em caixas metálicas dos relógios alemães evitam que, quando a mola de aço se parte, a forte pancada resultante quebre os pivots (pontas dos eixos das engrenagens) das engrenagens mais próximas. Nas fotos abaixo é possível verificar a máquina de um relógio americano lado a lado com a de um relógio alemão para confirmar a diferença.
Finalmente, relógios americanos não batem quartos de hora e relógios alemães de parede não apresentam calendário, normalmente.
Os primeiros relojoeiros americanos vieram da Europa, particularmente da Inglaterra, e aqui começaram a treinar os artesãos locais. Por isso os primeiros relógios fabricados nos Estados Unidos foram os relógios de coluna (ou de pé), que eram os mais produzidos na Inglaterra. Provavelmente um dos primeiros relojoeiros americanos foi Abel Cottey que começou seu negócio na Filadélfia em 1682, mas o primeiro nome que ganhou repercussão nos Estados Unidos foi o de Eli Terry que nasceu em 1782. Terry era um aprendiz aos 14 anos, mais ou menos na época em que George Washington se tornou presidente. Havia escassez de cobre e zinco para fabricar os relógios e, por causa disso, vários relojoeiros começaram a copiar os seus similares na Floresta Negra (Alemanha) fazendo movimentos de relógios em madeira, e em muitos casos, até as engrenagens. Nessa época, os favoritos eram os relógios de parede mais baratos, eles funcionavam por 30 horas, com pesos e pêndulo expostos. Quando completou 21 anos, Terry se mudou de East Windsor para Nortbury. Os relógios eram difíceis de serem vendidos e os relojoeiros os transportavam por longas distâncias, no lombo dos cavalos a procura de compradores. Foi quando Eli Whitney fechou um contrato com o governo para produção de uma grande quantidade de mosquetes em um prazo curto de dois anos e deu origem à forma produção em massa, não mais artesanal. Acredita-se que essa foi a inspiração para Eli Terry começar a produção em massa de relógios. Dessa forma, cada vizinho fabricava uma peça e ao final o relógio era montado. O objetivo era fazer com que as partes do relógio fossem tão iguais quanto possível para permitir a intercambialidade das mesmas. Ainda assim, a dificuldade para encontrar compradores continuava.(Clocks and Watches - Eric Bruton)
Em 1806, Napoleão bloqueou as Ilhas Britânicas e o suprimento para os Estados Unidos foi cortado. Foi então que dois irmãos, Porter, em Waterbury decidiram que essa seria uma grande chance para ganhar dinheiro como atacadistas vendendo relógios baratos a revendedores. Eles contrataram Eli Terry com uma demanda de quatro mil relógios. Para atender ao pedido, Terry, entre outras coisas, contratou um jovem carpinteiro chamado Seth Thomas e o contrato com os irmãos Porter acabou sendo concluído a tempo (Clocks and Watches - Eric Bruton).
Por volta de 1812, os filhos de Eli Terry já estavam no mercado de fabricação de relógios com suas próprias marcas. Em 1814, quando os Estados Unidos juntaram-se à Inglaterra para combater Napoleão, Eli Terry decidiu reduzir o tamanho de seus relógios, passando dos relógios de coluna para os de parede e de mesa. Em 1846, Seth Thomas decidiu montar sua própria fábrica em Plymouth onde fez fortuna. Os relógios menores (parede e mesa) fabricados por Eli Terry revolucionaram a indústria americana encerrando com a produção dos relógios de coluna no país. Foi quando Eli Terry contratou um outro carpinteiro chamado Chauncey Jerome que acabou, também, se tornando mais um pioneiro da indústria de relógios nos Estados Unidos(Clocks and Watches - Eric Bruton) e de quem um dos relógios foi mostrado na primeira publicação desse site.
De pouco em pouco começam a aparecer todos os nomes famosos na indústria americana da relojoaria. Adquirir ou possuir um relógio Seth Thomas, um Waterbury ou um Jerome, fica muito mais interessante quando se é capaz de recontar a história que existe por trás deles.
No vídeo abaixo está um relógio americano, fabricado pela empresa Gilbert onde se pode ver claramente a origem através da estampa na platina do relógio. Essa forma de identificação é, sem dúvida, a mais precisa possível. Melhor ainda é quando se encontra, também na caixa, o selo do fabricante, mesmo que seja um resquício, pois isso garante a originalidade da mesma.
Na próxima atualização do site será continuada a abordagem dos relógios americanos de parede porque ainda há muito que se falar sobre eles.