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Caixa de música 1 Caixa de música 2 Caixa de música 3 Caixa de música 4Como já apresentado em publicações anteriores desse site, a produção de sons musicais foi incorporada muito cedo à relojoaria, não só em relógios de mesa, parede e coluna, mas também aos relógios de bolso. A visita ao Museu dos relógios musicais ( Museum Speellklok), em Utrecht, é imperdível para todos os amantes desse tipo de mecanismo.
A história de qualquer objeto pode até ser considerada maçante pela maioria das pessoas, mas é o conhecimento da mesma que vai permitir identificar, por exemplo, em um mercado de pulgas a ocorrência de um objeto raro e desejado. Sem ela pode-se ter até a sensibilidade de achar que algo é bonito ou interessante, mas o "achismo" já fez muita gente passar por cima de raridades ou adquirir coisas inúteis.
O resumo apresentado nesse site foi extraído, condensado e adaptado do texto existente na Wikipedia (https://en.wikipedia.org/wiki/Singing_bird_box) e que se aconselha para aqueles que desejarem uma narrativa ainda mais extensa e com mais detalhes. Entretanto, acredita-se que a parte importante desse texto está aqui apresentada. Mesmo resumida, ficou longa, mas não foi possível reduzir mais sob a pena de perda de informações importantes aos interessados na área.
Já se resumiu nesse site a história da invenção das caixas de música, particularmente das caixas de música de cilindro com pinos, que teve sua origem em Genebra (Geneva) e um grande desenvolvimento na cidade de Sainte-Croix, na Suíça. Nessa edição será feito um resumo das caixas de música com passarinhos cantantes, no formato de uma caixa de tabaco (tabaqueira), cuja a história tem origem também em Genebra, em 1785, e é atribuída a Pierre Jaquet-Droz.
Pierre Jaquet-Droz foi um dos maiores fabricantes de autômatos de sua época, juntamente com Jean-Frédéric Leschot. A miniaturização dessa caixa de música só foi possível com o desenvolvimento de um tubo único (com comprimento variável) que permitia a emissão de diferentes notas musicais, reduzindo enormente a dimensão do mecanismo dessa caixinha de música e dando, como consequência, origem a caixinha do passarinho cantante. A origem dessa invenção não é completamente pacificada porque além da dupla Jaquet-Droz e Leschot, outros autores atribuem a invenção a Henri Maillardet que se juntou à dupla em 1784. Em 1785 esse tipo de mecanismo já era conhecido na França, Alemanha e Inglaterra. Em 1790 morreu Pierre Jaquet-Droz, em 1791 morreu seu filho, Henri, mas Leschot continuou a produzir as caixas de passarinhos cantantes sob o nome da antiga parceria "Jaquet-Droz & Leschot - London", uma vez que a empresa havia aberto um escritório em Londres e a partir daí eles marcaram a caixa de música com o nome da cidade, mas elas eram verdadeiramente feitas na Suíça. Leschot morreu em 1824 e já havia se aposentado alguns anos antes.(foto:http://www.skinnerinc.com/auctions/2857M/lots/465)
Jacob Frisar nasceu em Villeret (na Suíça) em 1753, começou seu aprendizado na arte da relojoaria em La Chaux-de-Fonds, mas foi em Genebra que ele se estabeleceu, por vota de 1784, trabalhando para Pierre e Henri-Louis Jaquet-Droz e seu sócio Jean-Frédéric Leschot. Ele se dedicou a arte dessas caixinhas de música agregando muitas evoluções técnicas a elas, como por exemplo, o mecanismo que permite que o pássaro se deite no fechamento da tampa quando a música acaba. Ele morreu em 1810 e foi um perito na confecção da engrenagem, ao redor da caixa de molas, que produzia a música do passarinho.
David Rochat (1746-1812) e seus três filhos (Jacques François Elisée Rochat, David Frédéric Henri Rochat e Henri Samuel Rochat), em Le Brassus, formavam uma empresa que produzia, ao redor de 1800, os passarinhos inacabados para Jaquet-Droz e Jean-Frédéric Leschot. Quando Leschot se aposentou, os irmãos Rochat passaram a produzir as caixas de música dos passarinhos cantantes seguindo o mesmo estilo e tradição deixado por Jaquet-Droz até 1849. Após a morte do pai, os filhos se mudaram para Genebra onde abriram uma loja em 1813, em Terreaux de Chantepoulet, até 1820, quando a empresa se dividiu em duas. François permaneceu em Terreaux de Chantepoulet, ajudado por seu filho Ami-Napoléon François (1807–1875), enquanto Frédéric e Samuel, ajudados posteriormente pelo filho de Frédéric (Antoine Auguste Frédéric) e Charles Louis François constituiram uma empresa à parte. Na mesma época havia outros Rochats trabalhando em Genebra, como por exemplo Louis Rochat que é considerado o autor de um relógio com passarinhos cantantes atualmente no Museu de Pequim e que ganhou um prêmio da Reunião dos Industriais de Genebra em 1829. Louis e seu irmão François formaram um empresa com Pierre Danile Campiche que se chamou Frères Rochat et Compagnie. No final, existia sempre uma relação entre os vários Rochats e eles produziram muitos dos mais sofisticados e complexos objetos com passarinhos cantantes, inclusive a menor caixa de passarinhos já produzida.
O último artesão suíço trabalhando nessas caixas de música, no estilo de Jaquet-Droz, foi Charles Abraham Bruguier, ou melhor, a família Bruguier. Charles nasceu em Genebra em 1788 e ganhou fama através da melhorias que introduziu no mecanismo das caixas, melhorando o som e a performance do passarinho. De 1816 a 1822 ele morou em Londres e seu filho (também Charles) nasceu na cidade em 1818. A família retornou a Genebra em 1823 quando o pai começou a estudar e a fabricar os mecanismos das caixas visando barateá-los para permitir o acesso a um público cada vez maior. Suas caixas de música foram marcadas com a estampa "C.Bruguier à Geneve" seguida por 3 figuras. Elas foram produzidas até 1850. Charles, seu filho, que viveu até 1891, continuou a produzir as caixas de música em fábrica independente de seu pai, mas muito similares àquelas, e o mesmo aconteceu com seu cunhado Jacques Bruguier (que viveu até 1873) e seu filho mais novo Jacques-Alexandre. Muitos desses mecanismos foram marcados, mas muito não o foram. Com a família Bruguier termina a época de ouro das caixas de música de passarinho, na Suíça, em 1855.
Foram as modificações e simplificações feitas na França que permitiram que as caixas de música de passarinhos cantantes chegassem até os nossos dias.
Para efeito até de identificação, deve-se ressaltar que todas essas caixas suíças primitivas utilizaram, sem exceção, o sistema fuseé já amplamente discutido nesse site .
De 1850 ao ínicio da Primeira Guerra Mundial, Paris se revelou o centro da produção mundial de autômatos, destacando-se a Maison Bontems, de, aproximadamente, 1875 até o início do Século XX. Blaise Bontems era um bem sucedido relojoeiro que se interessou e se especializou em autômatos com passáros e animais após ter restaurado uma caixa de passarinho cantante para um cliente. Como não gostou do som produzido pelo passarinho, porque lhe pareceu antinatural, decidiu torná-lo mais realista. Ele começou seu negócio em Paris fazendo pássaros cantantes que foram exibidos em Londres em 1851, mas eram pássaros de tamanho natural, em gaiolas. Somente por volta de 1870 ele se interessou por fabricar as caixas de pássaro no estilo de caixa de tabaco (tabaqueira), semelhantes às de Rochat e Bruguier, mas com mecanismo completamente diferente. Em 1893 ele morreu e a empresa passou às mãos de seu filho Charles Jules e seu neto Lucien Bontems (que morreu em 1956). A empresa foi adquirida pela firma Reuge S.A. de Sainte Croix (na Suíça) e aí começou a produção em nível industrial das caixas de música de passarinhos cantantes (ver abaixo em Suíça novamente). Dentre as várias modificações introduzidas pela Bontems deve-se enfatizar a substituição do sistema fuseé que foi empregado por todos os fabricantes suíços que a antecederam, simplificando enormemente o mecanismo interno. Esse mecanismo tem sido o modelo usado para todas essas caixas até a presente data. A Bontems marcou suas gaiolas de passarinho com seu nome e endereço dentro de uma estampa oval, mas não marcou as caixas tipo tabaqueira, exceto as primeiras que tinham um número de série. A identificação só pode, portanto, ser feita pela movimento e pelo pássaro que tem um porte maior que a maioria e cuja cabeça não se move, apresentando o bico em osso ou marfim. Bontems é considerado o pai da moderna caixa de passarinho cantante após todas as modificações que ele introduziu, inclusive as melhorias no som. A Bontems recebeu 43 medalhas na Europa, Estados Unidos, Ásia e Australia e era fornecedora da Rainha da Inglaterra. O mecanismo da caixa produzida pela Bontems toca de forma clara e agradável por 15 segundos em cada performance e dado ao custo mais baixo, pode ser adquirida por um número maior de pessoas que as caixas suíças que as precederam. Um outro fabricante Bontems (Alfred Bontems), concorrente dos mencionados acima e que trabalhava em Paris, também produziu essas caixas de música, idênticas às dos seus parentes, utilizando o mecanismo fornecido por eles, mas eram assinadas com uma estampa com a inscrição "AB France", entre 1900 e 1950.
Outro fabricante francês foi E. Flajoulot, que fabricou essas caixas entre 1890 e 1950, principalmente com caixas de metal altamente trabalhadas, com gravações em prata e esmalte. O mecanismo era semelhante ao usado por Bontems, mas não era uma cópia, ele adicionou um controle de velocidade e marcou suas caixas com seu nome e um número de série. Ele também introduziu uma haste para começar e encerrar a execução no lado direito da caixa, substituindo o botão que deslizava no lado direito superior da caixa.
Os produtores de autômatos franceses provocaram uma revolução nas caixas de música de passarinhos cantantes. Profundas modificações foram feitas no mecanismo, tais como a substituição do sistema fuseé, músicas mais longas, simplificação do mecanismo interno dos pássaros e a perda do movimento da cabeça. O trabalho de Bontems e seus contemporâneos preservou para a posteridade essas caixas que, em outras circunstâncias teriam desaparecido vítimas do processo de industrialização.
F. Cattelin, Marguerat and A. Salmon eram os três fabricantes ativos na Suíça no início do Século XX, sendo que C.H. Marguerat-Manufacture d'Oiseaux Chantant é o mais conhecido dos três. Ele produziu caixas ovais e retangulares, algumas com relógios, que poderiam ser utilizados para acionar o canto e o movimento do pássaro, como um alarme. O mecanismo usado era similar ao de Bontems, mas com as alterações de Flajoulot. Foi comum entre 1920 e 1930 a produção de caixas de passarinho com relógios incorporados.
As caixas de música do tipo tabaqueira, fabricadas ao estilo do francês Bontems, foram fabricadas na Alemanha, na região da Floresta Negra - Furtwangen, com a marca de C.K. Lamy, até 1927. Entre 1922 e 1928, uma empresa chamada Eschle, também na Floresta Negra, fabricou caixas de música de passarinho, mas foi em 1950 que os dois irmãos Robert e Otto Eschle (filhos do fundador) recomeçaram o negócio que durou até 1977 quando a empresa foi adquirida pela firma Reuge, da Suíça. Robert e Otto marcaram suas caixas com seus nomes e símbolos, portanto são facilmente identificáveis. Além disso, a chave utilizada para dar corda nas caixas ficava fixa no eixo do tambor da corda.
Apesar de tudo e de todos, a única empresa que dominou a manufatura das caixas de passarinho cantante, por mais de 5 anos, com uma produção que foi maior do que todas as outras reunidas, foi a firma de Karl Griesbaum (1872-1941). Essa empresa foi fundada em 1905 em Triberg e, originalmente, fazia peças de relógio e somente em 1920 entrou no mercado de caixa de música de passarinho, as quais foram produzidas até o seu fechamento em 1988. Durante esse período produziram caixas em mais de 30 estilos diferentes, algumas baseadas no modelo de Rochat, Bruguier, etc enquanto que outras apresentavam novidades. Em 1988, o maquinario e equipamento da empresa de Karl Griesbaum foi adquirido por Siegfried Wendel que transferiu a produção para Rüdesheim am Rhein, na Alemanha, começando a MMM (Mechanische Musikwerke Manufaktur) em 1990. Em 1993, eles recomeçaram a fazer caixas de música de passarinho cantante no estilo tradicional de Griesbaum.
A tradição continua no Século XXI com 3 fabricantes de caixa de música de passarinho cantante, na Europa. Os novos irmãos Rochat, que se estabeleceram na Suíça em 2010 e que após quase 125 anos da sua interrupção, em 1885, voltaram a fazer mecanismos com o sistema fuseé e com o passarinho que move a cabeça. Os dois primeiros modelos foram lançados por eles em 2013. Os outros dois fabricantes em atividade são a MMM na Alemanha e a Reuge, na Suíça, já mencionados acima.
Abaixo está a marca tradicional da firma Karl Griesbaum encontrada no fundo das caixas de música de passarinho cantante produzidas pela empresa e no vídeo está o mecanismo da mesma caixa, já recuperado, para visualização de seu funcionamento.
(Clique na foto para aumentá-la)
Na próxima atualização do site será mostrada toda a sequencia de desmontagem e restauração de uma caixa de música de cilindro com pinos.