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Relogio de mesa 1 Relogio de mesa 2(Obtenha mais detalhes das figuras passando o cursor sobre as mesmas.)
Na publicação anterior, ao se abordar os relógios de coluna, mencionou-se que no final do século XVIII e início do século XIX, quando a fabricação destes relógios se espalhou de Londres para outras cidades inglesas e outros países, os relojoeiros londrinos, seguidos depois pelos outros relojoeiros ingleses, mudaram seu interesse dos relógios de coluna para os relógios de mesa/peanha (bracket clocks). Isso, entretanto, só foi possível quando os relojoeiros ingleses puderam se utilizar de 3 avanços da relojoaria na direção da fabricação de relógios pequenos, mas de alta precisão: o pêndulo, o sistema fusée e, posteriormente, o escapamento do tipo âncora.
O nome bracket clock ficou estabelecido para reconhecer esses relógios ingleses mesmo quando eles passaram a ser fabricados sem a menor intenção de se utilizar uma peanha para suportá-los. Embora o interesse dos relojoeiros ingleses, particularmente londrinos, tenham se voltado maciçamente para esse tipo de relógio a partir do final do século XVIII, eles já eram fabricados na Inglaterra desde o final do século XVII com linhas extremamente simples e clássicas. Na verdade era como um relógio de coluna do qual havia se removido a parte de cima. Inicialmente tinham colunas laterais, as quais desapareceram muito rapidamente deixando uma frente lisa, com um mostrador quadrado prateado atrás do vidro. O topo da caixa, muitas vezes, tinha uma alça para facilitar o carregamento. Sua altura variava de 35 a 76 cm e o anel prateado do mostrador era ladeado por spandrels dourados. Até por volta de 1760 era comum se encontrar caixas pretas, ou seja caixas de carvalho folheadas com ébano, embora outras madeiras também tenham sido usadas e pintadas de preto. Relógios mais caros era folheados em raiz de nogueira e outros apresentavam trabalhos em marqueteria ou eram laqueados com motivos chineses, mas não eram usuais. Tudo muito semelhante à parte superior dos relógios de coluna (Antique Clocks and Clock Collecting - Eric Bruton, The Worlds Great Clocks and Watches - Cedric Jagger, A Collector's Guide to Clocks - Derek Roberts, The Connoisseur Ilustrated Guides Clock and Watches - Alan Smith).
A primeira grande mudança nos mostradores surgiu por volta de 1725-1730 quando foi introduzido um arco na parte superior do mostrador, a exemplo do que foi feito nos relógios de coluna. O espaço extra no semicirculo era ocupado por mostradores acessórios, como o que permitia selecionar a posição de silêncio/batida (silence/strike) ou levantar/arriar (rise/fall) do pêndulo para atrasar ou adiantar o relógio sem a necessidade de se virar o relógio. Por volta de 1750, uma outra grande modificação começou lentamente a ser introduzida nos mostradores e largamente utilizada a partir de, aproximadamente, 1850. Eles passaram a ser redondos, não mais quadrados, e isso serviu para reduzir significativamente o custo dos relógios. Como os mostradores eram redondos, não haveriam mais cantos a serem preenchidos com spandrels de metal. Nesse caso o mostrador era feito em peça única e recebia uma camada de prata, em vez de necessitar de uma base em metal, com um anel prateado. Isso fez com que os mostradores passassem a ter um custo de somente 25% dos anteriores mostradores quadrados. Uma outra forma de reduzir custo de fabricação foi substituir os mostradores de metal prateado por mostradores pintados de branco ou esmaltados em branco, com numeração em preto. Fazer grandes superfícies esmaltadas era uma grande dificuldade que os relojoeiros franceses resolveram produzindo, somente, os números dessa forma, ou seja, utilizando os chamados cartouches, mas isso não foi adotado pelos relojoeiros ingleses. (Antique Clocks and Clock Collecting - Eric Bruton, The Worlds Great Clocks and Watches - Cedric Jagger, A Collector's Guide to Clocks - Derek Roberts, The Connoisseur Ilustrated Guides Clock and Watches - Alan Smith).
Por um bom tempo, esses relógios ainda se utilizaram do sistema verge de escapamento com pêndulo. Como era difícil identificar o tradicional tic-tac e, portanto, saber se o relógio estava se movimentando, os relojoeiros ingleses, ocasionalmente, utilizavam um pêndulo falso (mock pendulum), conectado ao pêndulo real, que podia ser visualizado através de uma janela na frente do relógio. O pêndulo chato e circular, com uma ligeira curvatura abobada, só foi introduzido no século XVII pelo mais famoso dos relojoeiros ingleses, Thomas Tompion, em relógios de coluna, e no final do século XVIII em relógios de peanha (bracket clocks). Foi Tompion, também, que em meados do século XVIII passou a utilizar o pêndulo desenvolvido por Huygens , mas mantendo-o suspenso por uma lâmina de aço e não mais por um fio de seda. Essa substituição do fio de seda para suspender o pêndulo só foi adotada pelos franceses ao redor de 1828-1830. Esses diferentes tipos de suspensão serão comentados futuramente na parte de CURIOSIDADES (Antique Clocks and Clock Collecting - Eric Bruton, The Worlds Great Clocks and Watches - Cedric Jagger, A Collector's Guide to Clocks - Derek Roberts, The Connoisseur Ilustrated Guides Clock and Watches - Alan Smith).
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Os bracket clocks batem as horas em uma campainha no topo do relógio e, para difusão do som, as laterais da caixa são normalmente abertas e cobertas com um tecido de seda. Ao redor de 1670, Edward Barlow inventou um sistema que permitia, ao puxar de um cordão, que o relógio repetisse a última batida de hora. Esse detalhe passou a ser incorporado aos relógios mais caros e eram um luxo para uma época em que a iluminação era feita à luz de velas. Procurar e acender uma vela no meio da noite era tarefa desagradável, principalmente se se considerar o risco de incêndio. Relógios que batiam hora e meia hora eram relativamente comuns, já os chamados batedores de quarto, conhecidos no Brasil como carrilhões, tinham um custo mais elevado. Existem vários tipos diferentes de batidas para os vários tipos de relógio e por isso esse assunto será comentado em publicação futura na parte de CURIOSIDADES. Relógios musicais, ou seja, aqueles que tocam um música nos quartos de hora, começaram a ser feitos a partir do século XVI, entretanto, aqueles que tocam a música da Catedral de Westminster só foram produzidos no século XIX, uma vez que o "Big Ben" só foi instalado em 1858 (Antique Clocks and Clock Collecting - Eric Bruton, The Worlds Great Clocks and Watches - Cedric Jagger, A Collector's Guide to Clocks - Derek Roberts, The Connoisseur Ilustrated Guides Clock and Watches - Alan Smith).
Um tipo diferente de caixa apareceu no início do século XIX e ficou conhecido como relógio de quatro vidros, uma vez que além do vidro do mostrador tinha vidro nas laterais e na parte superior. Eram relógios pequenos eram fáceis de transportar e devem ter sido estimulados pelo surgimento dos relógios de carruagem. As caixas eram feitas de madeiras muito nobres, normalmente raiz de nogueira, mogno, entre outras, e os mostradores eram de metal com banho de prata. Também ficaram conhecidos como relógios de biblioteca porque eram silenciosos, ou seja, não apresentavam qualquer tipo de batida, nem mesmo para a hora cheia (Antique Clocks and Clock Collecting - Eric Bruton, The Worlds Great Clocks and Watches - Cedric Jagger, A Collector's Guide to Clocks - Derek Roberts, The Connoisseur Ilustrated Guides Clock and Watches - Alan Smith).
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Os bracket clocks produzidos após 1811 também ficaram conhecidos como regency clocks devido ao período da regência britânica que foi de 1811 a 1820. Mais informalmente, existem aqueles que se referem a esses relógios, também, como directors clock porque se tornaram um presente habitual de despedida para diretores de empresa quando de sua aposentadoria.
Abaixo o vídeo de um bracket clock que, com sete campainhas e cinco gongos, bate os quartos de hora. Ele permite selecionar se as batidas serão feitas nos gongos ou nas campainhas e tem dispositivo lateral para repetição das batidas. A música é a tradicional da Catedral de Westminster.
Na próxima atualização do site será iniciada a abordagem dos relógios franceses de mesa.